por Pedro Kupfer
Oṃ bhūr bhuvaḥ svaḥ
tat savitur vareṇyaṃ
bhargo devasya dhīmahi
dhiyoyo naḥ prachodayāt
Om. Contemplemos o esplendor do divino Sol vivificante,
presente na terra, na atmosfera e no céu.
Que ele ilumine a nossa visão (nosso pensamento).
Rig Veda, III: 62,10
Gayatri significa "canção" ou "meio para chegar". O Gayatri é considerado o mais sagrado dos sons de poder. Este mantra é usado como japa para meditar, como parte do homa, ritual do fogo, ou durante o pranayama, como unidade de contagem do tempo (matra), quando o respiratório recebe o nome de prana yajña.
Os rsis vislumbraram que a vocalização desta combinação de sílabas gera poder no indivíduo e inspira sabedoria, motivando-o a agir corretamente. A sabedoria e o poder intrínsecos aos mantra permitem-nos captar a unidade existente na natureza.
Nas Upanishads, o Gayatri aparece como um símbolo da totalidade da existência.
Fazendo um breve passeio pelos shastras encontramos vinte e dois níveis de significados diferentes da tríade bhur bhuva e svah. E esta lista não está completa.
Bhur bhuva e svah são os três planos de existência. Na teoria védica das equivalências, esta divisão tripartida do universo tem muitos níveis de significados. Refere-se aos três mundos: o do infinitamente grande, o humano e o infinitamente pequeno; aos três gunas, as três qualidades da natureza: inércia, ação e equilíbrio (tamas, rajas e sattva); ou ainda ao paralelo que existe entre as estruturas da consciência e da Natureza. Ou seja, assim como é acima, assim é em baixo; o macrocosmos reflete o microcosmos, etc. Savitr, o Sol, é símbolo da consciência e ao mesmo tempo da kundalini.
O Gayatri mantra faz-se para celebrar a existência e harmonizar-nos com o poder de transformação presente na natureza. Este mantra é um convite à meditação sobre a força que move o macrocosmos, o microcosmos e o homem.
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