Adi Shankara
"A pura existência é o princípio não material que não é produto, nem atributo, nem resultado de nenhum objeto material no Universo."
A palavra Yoga que deriva da raíz sâncrita "yuj" que significa jungir, ligar, mas também usar e aplicar. O termo amplia-se assim nas suas definições ao revelar-se um meio e um fim ao mesmo tempo, isto é a palavra Yoga é usada tanto no sentido de união com o Divino - Paramatma,- como no de veículo - upáya- para essa união.
Por outras palavras, Yoga significa trabalhar para atingir um nível em que as atividades do corpo e da mente funcionem harmoniosamente em conjunto. Um caminho que conduz o homem a conhecer-se a si mesmo, um reencontro espiritual que nos permite encarar a vida em todos os seus aspetos com a equanimidade e forças necessárias.
Não representa portanto, qualquer religião. Sendo um sistema que vai além da crença, prepara o indivíduo para atingir o seu pleno potencial e uma consciência elevada. Isto é conseguido através de técnicas ancestrais, acessíveis a todos os interessados, mas é sobretudo o estudo e o conhecimento que despoletam as grandes mudanças internas. Assim, envolve um sistema de exercícios que funcionam através das posições físicas, respiração e relaxamento que beneficiam o sistema nervoso central, as glândulas e os órgãos vitais.
O seu objetivo é promover a purificação do corpo e mente através do exercício sutil (energético), e no fundo preparar o indivíduo para o estudo que o ajudará a libertar dos seus sofrimentos. Pois nenhuma técnica ou ritual traz conhecimento mas somente o estudo e reflexão sobre si mesmo podem abrir esse caminho.
Nas diversas dimensões do Ser, Yoga é compreender o quanto a natureza é completa em si mesma e que a realidade vai além da perceção dual que temos dela. Enquanto conhecimento, recorda-nos a unidade na diversidade - o Universo e o indivíduo não são independentes. Que qualquer ser humano, na base das suas ações busca a felicidade e independentemente da forma e do julgamento que possamos fazer, resumir-se-ão sempre a uma garantia das suas necessidades, pretensões e desejos (vásanas). Estes vásanas são pré-disposições que se originam em vivências passadas - memória e experiências - e como isso, por sua vez foi assimilado. O desejo faz parte da natureza humana e qualquer sofrimento vem de um desejo não cumprido.
Aqui o problema não é desejar mas saber cuidar o conteúdo/natureza dos nossos desejos.
Assim, a prática oferece swadhyaya, um espaço de observação sobre si mesmo. Dando-nos conta das nossas próprias subtilezas físicas e emocionais, o primeiro passo para podermos compreender e se necessário reformular e reforçar os nossos objetivos. O estudo ensina o dharma, libertando-nos das nossas próprias amarras e cultivando o discernimento e a aceitação da nossa natureza intrínseca...
Advaita Vedanta - não dualidade
Vedanta significa estudo dos Vedas (ciência), as escrituras sagradas que visionam a natureza entre o Universo e o indivíduo, o macrocosmos e o microcosmos. É um pramana, um conhecimento ancestral verbalmente passado, que revela o ser individual como sendo idêntico ao Ser Ilimitado - jivatma e Paramatma. Apesar de serem aparentemente diferentes, são o mesmo, uma única realidade.
Só podemos questionar a natureza da consciência porque ela é autoevidente.
A consciência não é propriedade do corpo. Ela está no corpo, mas não depende dele.
Na amplitude da visão védica, destacam-se conceitos de atma e Paramatma (o Ser individual e o Ser Universal), num entendimento não dualista acerca da realidade.
A dualidade é assim, maya - aparente, ilusória, mas intrínseca na relação do indivíduo com o todo.
Em vedanta considera-se qualquer problema (emocional, familiar, profissional...) começa num primeiro problema fundamental que é a ignorância da sua própria natureza. Esse é o grande erro de conceção - a ignorância.
Os distúrbios emocionais são sintomas dessa ignorância, que vem da falta de conhecimento espiritual. Todos estes distúrbios são chamados Samsára.
Ignorância é sempre destruída pelo conhecimento.
Existem dois princípios essenciais no Vedanta:
1) O que sou é diferente daquilo que experiencio. O experienciado é diferente daquele que experiencia.
2) Quem experiencia é livre de todos os atributos do objeto experienciado. "A agitação da mente é atributo da mente, não meu." (A=B, mas B não é = A)
A consciência é um princípio independente que está presente no corpo material e permite que ele viva, sinta e tenha experiências. A consciência é ilimitada, está no corpo, no pensamento, nunca está ausente, no entanto parece que está escondida.
Esse princípio da consciência é Paramatma.
Boas práticas, meditações e reflexões!
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