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Śiva Natarāja .:. o Senhor da Dança



Śiva é um dos deuses principais na espiritualidade da Índia. Ele é "o Benéfico", da raíz da palavra "sham" é aquele que traz a felicidade. As suas manifestações assumem inúmeras formas aparentemente contraditórias, o que demonstra a complexidade da sua natureza intrínseca.


Ele é Mahakala o senhor do tempo, Mrtunjaya o Vencedor da Morte, Pashupati o Senhor das feras, Mahadeva o grande Deus da vida e da morte, Shankara o meditador, Ardhanarisvara o andrógino que unifica e transcende as dualidades. Sarva é o arqueiro e Nilakantha o salvador.


Ele é Natarāja o Senhor da dança, e dança o tandava - a dança da dissolução.

Ele carrega folhas de cássia e um tambor que significam a vibração rítmica da criação. O simbolismo da dança chamada Tandava pode ser interpretada de diversas formas. Śiva dançando num anel de fogo representa a força geradora da criação, ele é o sustentador e o destruidor de todos os ciclos do universo - a divina consciência que tudo permeia.

Quando dança, é shakti (energia) que o move e impulsiona. A sua dança é a própria existência acontecendo, ao som do damaru, o tambor numa das suas mãos, que indica que a vibração é a origem de toda a existência - Nada Brahma. E não há Śiva sem a sua shakti, isto é, não há consciência sem energia e vice-versa.

As cinco atividades divinas de Śiva Natarāja são a criação, a preservação, a destruição, a reencarnação e a salvação. O arco de chamas em fogo que o cercam é a sua proteção, e relaciona-se como os campos de cremação e o processo de reencarnação. Com um pé sobre o anão representando a ignorância, revela que a destruição desta é pré-requisito para a iluminação e conhecimento da verdade. As suas mãos e pés revelam equilíbrio e leveza. A mão direita em abhaya mudra - o gesto de proteção e a esquerda em astavakra mudra aponta o pé no ar, o refúgio das almas individuais. Esse pé no ar representa também a libertação da ilusão. A outra mão carrega o fogo, instrumento de destruição, purificação e libertação. O pedestal de lótus simboliza o renascimento e a pureza divinos.


Assim, na dança se reflete o entendimento de toda a criação, a beleza e a transformação das coisas. Ali se espelham as dinâmicas cíclicas do universo que fluem em todas as formas densas e sutis unânimes na sua diversidade. Śiva Natarāja é o arquétipo do dinamismo, equilíbrio e poder cósmico, onde a libertação das armadilhas da vida se faz com leveza, consciência e sabedoria.


Oṁ namaḥ Śivāya!

Hariḥ Oṁ!


Raquel Sarojini

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